Continuo a pergunta aos meus pequenos amigos:
Em que classe andas? Os pais corrigem-me de imediato: Ano, já não há classes.
É pena. Passar da 4ª classe para o 1º ano era uma passagem para um outro mundo: recebíamos o nosso primeiro relógio; para quem vivia numa aldeia começava a aventura do conhecimento de outras terras, a liberdade do tempo (são horas de chegar a casa? Foi o comboio que se atrasou... – quantas vezes o comboio se atrasava....), o explorar da vila onde ficava o liceu, depois, um passo mais, a exploração trémula da cidade.
Passar da 4ª classe para o 1º ano era a primeira passagem para o mundo dos adultos; pelo menos enquanto nos deslocávamos para o liceu, porque quando voltávamos a casa retornávamos às brincadeiras à beira rio, às corridas de bicicleta, à subida à figueira e acabávamos o dia a ouvir as nossas mães gritar o nosso nome à janela, que já era noite são horas de jantar.
No dia seguinte, lá nos encontravamos, nas escadas da calçada, para irmos apanhar o comboio. Nós as raparigas saíamos 2 estações depois, os rapazes faziam ainda mais 2 estações (como eu os invejava...estavam muito mais perto da cidade.)