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Retratos de mulher (3)

por ana, em 31.01.13

Ela sujava uma faca, lavava-a logo. Tentava por esse meio evitar o trabalho que teria, no futuuro,. Assim que qualquer pingo, qualquer cinza, caía, ela limpava logo. Mantinha a casa impecável, imaculada - na virgindde de um não-uso permanente. Sobre todo o uso real que a casa tinha, com família de quatro pessoas, ela tecia sem parar essa consistente teia de virginal recomeço. Tudo com o fito de manter o futuro limpo: que nenhuma tarefa monstruosa, nenhuma montanha de gordura e de poeira a aguardasse, medonha, num côncavo do porvir.

 

Nesse futuro ela esperaria, sentada, com as mãos no regaço, os grandes acontecimentos - enfim!- da sua vida. A graça das grandes aventuras só poderia chegar abrindo-se-lhe um tempo, depois de todas as tarefas cumpridas, um tempo de repouso num espírito despreocupado.

 

Por incrível que pareça, esse tempo, chegou. Um dia ela descobriu-se sentada numa cadeira, sem nada que fazer. Os filhos haviam já deixado a casa, o  marido morrera. Ela estava só. Conquistara o futuro. Todas as tarefas estavam definitivamente cumpridas, e ela estava disponível para os grandes acontecimentos. Ficou transida de medo vendo à sua frente um enorme vazio: todas as energias do futuro haviam sido gastas em cada presemte que ela vivera.

 

Maria Isabel Barreno, contros analógicos [O futuro], edições rolim,


Retratos de Muheres (2)

por ana, em 30.01.13

Enquanto Tiago saía para a escada, Ana ocupou-se com alguns vagos pequenos detalhes.                                                        

 

(...)lançou uma última olhadela ao espelho da entrada. Gostava sempre de ver a sua expressão , a cara que tinha no momento de saír; quando as pessoas olhavam para ela, ela sabia o que as pessoas viam

 

Maria Isabel Barreno, Contos analógicos, edições rolim


Do frio

por ana, em 29.01.13

Cheira a lenha nas ruas da aldeia


Retratos de mulher (1)

por ana, em 29.01.13

E, assim, deixou-se amar, o que talvez não deixe de ser uma forma de amar, fazendo-se mais dependente do que de facto se sentia, menos crítica, menos aventurosa do que sempre achara que deveria ser, menos livre, embora não soubesse muito bem que forma poderia ter tomado a sua  liberdade, mais dissimulada, embora  por vezes susceptível a súbitas irritações, inesperadas mudanças de humor, mas também mais irónica mesmo no mesmo modo como adoptou uma atitude protectoramente complancente, sacrificialmente votiva, em relação ao seu destino escolhido. Ou à sua condição feminina como ao tempo se dizia, e que era assim como uma espécie de doença que as meninas apanhavam quando nasciam e lhes ficava para o resto da vida

 

Helder Macedo, Pedro e Paula ( nomes e temperamentos 1947),editorial presença, Março 1998


* Júlio Machado Vaz , hoje na RDP1


...

por ana, em 27.01.13


...

por ana, em 26.01.13

Era uma vez

Um gato maltês

Tocava piano

E falava francês

Queres que te conte outra vez?


Era uma vez

Um gato maltês

Saltou-te às barbas

Não sei que te fez

Queres que te conte outra vez?


Era uma vez

 Um gato maltês

Tocava piano

Falava françês

A dona da casa

Chamava-se Inês

O número da porta era o 33!

Queres que te conte outra vez?


Era uma vez

Uma galinha perchês

E um galo francês

Eram dois

Ficaram três…

Queres que te conte outra vez?

Inventão, conta uma história,

Inventa uma qualquer.

- A verdade é tão ilusória!

- Só em histórias se pode crer!

Conta a do Rei Ninguém, a da Rainha Nenhuma,

a do Capitão, a do Ladrão, qualquer uma!

 

Era uma vez um Rei...

(A do Rei era bonita mas ão sei!)

Era uma vez uma Rainha...

(a da Rainha é tão pequenina!)

Era uma vez um Gigante...

(A do Gigante é tão grande!)

Era uma vez um Português & um Chinês..

(Não me façam contar a do Chinês outra vez!)

Era uma vez uma Cabra...

(A da Cabra nunca acaba!)

Era uma vez um Animal...

(A do Animal acaba tão mal!)

- Que história contarei?

Tem de ser uma história que eu saiba,

que não seja muito pequena mas que caiba,

uma história simples (a da Fada é tão complicada!)

que acabe bem,

e se possível que comece bem também,

e se não pedir muito que meie bem também.

Tinha pensado na história do Cão,

mas a história do Cão é tão!...

 

 

 


Na minha aldeia

por ana, em 20.01.13
Resistiu ao temporal


Dos gatos

por ana, em 20.01.13

quase a deixar que me aproxime...

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