Uma menina bem comportada não tem desejos. Mas a menina queria, para além de convidar os amigos da escola para a festa de aniversário, ter um gato. "Não, que os gatos durante a noite miam", "não que os gatos dão muito trabalho", "mas queres um gato para quê?".
Para abraçar. Mas não dizia.
Um dia no quintal, à porta da garagem, apareceu um gato recém-nascido. Pegou na manta da cama das bonecas e envolveu-o nela para não ter frio. Foi chamar a mãe: está ali um gatinho.
"Foste tu que o trouxeste para aqui!" "Não fui, não." "Não sejas mentirosa, e agora como é que vais tratar dele?".
Ficou aflita, sim como é que ia tratar dele? Mas encheu-se de coragem e perguntou
- Se eu tratar dele posso ficar com ele?
- Podes, mas ele vai morrer, não consegues tratar dele.
Mas conseguiu. Deu-lhe papas de pão com leite e o gatinho (que afinal era uma gata) começou a medrar. O pai disse prometeste-lhe que se ela conseguisse tratar dele podia ficar com ele.
Conseguiu que a gata fosse para o quarto dela. Foi um grande amparo para a menina.
Mas a menina nunca se atreveu a convidar os amigos para irem brincar lá para casa no dia de aniversário.