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"sou muito optimista! Não acredito em nada mas faço como se acreditasse e ajo como se acreditasse" João dos Santos
relógio de sol na Assafora
Logo a seguir ao mundo ter entrado nos eixos do tempo, apareceram esses silenciosos instrumentos que, numa lealdade e submisso total, jamais pararam de dar o seu rosto à luz do sol.
Estão por todo o lado. Em igrejas, nos espigueiros, nas esquinas das casas antigas, em mutos altos. Podem não ser tão belos como aquele que está delicadamente nas mãos de um anjo na Catedral de Chartres. Mas são sempre bonitos e úteis. São muito anteriores àqueles mostrengos mecanizados que martelam as sombras dos salões. São discretos. Um estilete espetado na testa ou no nariz. Números que o tempo vai apagando e um risco de sombra que desliza e eis toda a sua muito observada linguagem. Funcionam sempre desde que lhes dê o sol e ganham o favor dos vossos olhos. Olhai-os por isso atentamente e continuareis um gesto antiquíssimo de tyantos outros que nos antecederam e pelo menos por causa destes relógios não chegaram atrasados ao lugar e ao encontro que mais desejavam
Na Agenda Assírio e Alvim a 21.06.1997 - Hermínio Monteiro, de certeza
Uma amiguinha faz anos e comecei a pensar no que lhe oferecer. Os elásticos do momento com o tear deviam ser do seu agrado. Adorou! Mas, eu não seria a ana, que sou, se não lhe oferecesse um livro; ela gostou muito deste poema do Manuel António Pina:
A sopa de letras
Era uma vez um menino
que não queria comer sopa de letras.
Podiam lá estar coisas bonitas escritas,
mas para ele era tudo tretas...
Podia lá estar escrito COMER,
podia lá estar GOIABADA,
Como ele não sabia ler,
a sopa não lhe sabia a nada.
Tinha no prato uma FLOR,
um NAVIO na colher,
comia coisas lindíssimas
sem saber mas ele queria lá sabor!
Até que um amigo com todas as letras
lhe ensinou a soletrar a sopa.
E ele passou a ler a sopa toda.
E até o peixe, a carne, a sobremesa, etc....
Ver as pessoas irritarem-se porque enfiaram a carapuça.
"Não lhe parece estranho que certas memórias de infância estejam assim coalhadas em luz, encapsuladas como aquelas esferas de vidro que ao virar-se cintilam neve ou de partículas doiradas sobre uma paisagem em miniatura?"
O Amante de Castro, Ficções, Revista de Contos-2º Semestre 2000- Tinta Permanente
Que gente é esta que, perante um desmaio de uma pessoa, não se sente? Mais, ´desejam o pior.
Não, não sou apoiante de Cavaco mas entristece-me a falta de pudor e respeito pelo ser humano.