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Ericeira

por ana, em 18.08.18

Caros amigos

Nos meus 4 anos, passava férias na Ericeira. talvez por ser tão pequena só guardo duas memórias:

1. o brincar com um amigo meu, que ainda agora o é, no Parque de Santa Marta

parque santa marta.jpg

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Nortada na Praia do Furadouro

por ana, em 12.08.18

CartaEI.jpg

 

Além da caminhada ao Areínho, outro dos nossos rumos, em tardes de Nortada, era ir passear para o pinhal do Furadouro.

 

 Não era só para nos proteger da nortada quepara lá iamos, era para encontrar a Corema album, de seu nome vulgar camarinheira ou camarinha,que  é um pequeno arbusto (não costuma ter mais de um metro de altura) da família Ericaceae que se encontra. em dunas e pinhais do litoral da Península Ibérica. Sendo um arbusto dioico, só os arbustos femininos dão as bagas que parecem pérolas e que têm um sabor agridoce. O cheiro das camarinheiras faz lembrar o cheiro a mel.  

 

Vínhamos da mata com sacos e sacos cheios daquelas bagas brancas que comíamos  à mão, em concha, cheia.

 Há muito, muto tempo que não como camarinhas. No entanto, para além das inscrições na minha pele a que uns chamam rugas, outros marcas de expressão tenho outras, subterrâneas à pele, que me fazem estremecer quando me cheira - sem razão aparente- a camarinhas.

Camarinha-fruto.jpg

 foto daqui

 

Deixo-vos com a Lenda das Camarinhas

 

Dizem que Santa Isabel,

Rainha de Portugal,

Montando branco corcel,

Percorria o seu pinhal!

 

-“Ai do meu Esposo! Dizei!

Dizei-me, robles* reais!

Meu Dinis! Senhor meu Rei!

Em que braços suspirais?!...

 

Os robles silenciosos

Do vasto Pinhal do Rei

Responderam receosos

– Não sei!...

 

E o pranto da Rainha

Nas suas faces rolava,

Regando a erva daninha

No pobre chão que pisava!

 

– “ Ó meu Pinhal sonhador

Que o meu Rei semeou!

Dizei-me do meu Amor

E se por aqui passou...”

 

Os robles silenciosos

Do vasto Pinhal do Rei

Responderam receosos:

– Não sei !...

 

Mas cristalizou-se o pranto

Em muitas bagas branquinhas

E transformou-se num manto

De brilhantes camarinhas!...

 

Eis que repara a Rainha

Numa casa iluminada...

– “ Quem vela nesta casinha

Numa hora adiantada ?!...”

 

Os robles silenciosos,

Tão tristes que nem eu sei,

Responderam receosos:

– O Rei!...

 

lenda retirada daqui

 

 


Furadouro

por ana, em 10.08.18

CartaEI.jpg

 

 

Lembram-se de vos ter dito, no meu anterior #Postal_de_férias em forma de carta, que os homens e mulheres envelheciam precocemente, tinham um ar  triste, e no entanto tinham uma força enorme?

Dou-vos a conhecer hoje os pregões habituais das peixeiras da praia do Furadouro que faziam a pé,- a maior parte delas descalças - de canastra, carregada de peixe, na cabeça, o trajecto Furadouro-Ovar (4,6 Km) para irem vender o peixe do nosso mar. Os pescadores também levavam peixe para a venda mas eles "em gigas suspensas  num bordão - uma de cada lado -  que suportavam nos ombros calejados, apregoando elas, no seu estilo característico e tão inconfundível:

-Ai a rica sardinha!...

- Olha a rica sardinha fresca do nosso maaaaari!...

- É do nosso maaaaari! freguesas!...

-Venham ver esta riqueza vivinha do nosso maaaaari!..."

 (fonte:  Manuel Ferreira Gomes "Ovar - a paisagem e o Indivíduo - alguns apontamentos e evocações)

Mas a praia do Furadouro nem só dos pregões das peixeiras vivia.  Dias havia, naqueles em que  se vendiam enguias no mercado, que, manhã cedo um miúdo, o Fausto, filho de um pescador, com uma entoação e sotaque que me encantavam apregoava:

- iéé vir àsas  enguias, queeeemmm queeer comprarar enguias, que jáá se vão bunder

(Que pena A Música Portuguesa a Gostar dela Própria, não tenha registado este pregão)

 

Peixeira-de-Ovar-Ovar-Portugal.jpg

 foto daqui


O Furadouro

por ana, em 08.08.18

CartaEI.jpg

Ao lerem os meus postais devem pensar que a praia do Furadouro era um lugar idílico. Não era. Para mim tinha o gosto da liberdade. Em Lisboa aos 14-17 anos era casa-liceu-casa. Chegava ao Furadouro e só estava em casa para almoçar, jantar e dormir.

Mas o Furadouro era uma praia piscatória com muita pobreza. As casas eram palheiros miseráveis assentes na areia ou na terra. Homens e mulheres envelheciam precocemente, tinham um ar triste e, no entanto, tinham uma força enorme. A canalha, como na região de Ovar se designa a miudagem, andava muito suja e sempre descalça,  a maior parte deles tinha o cabelo cor de palha – não, não eram lourinhos eram sub-nutridos; chegadas as famílias para passar férias era certo e sabido que, na hora de almoço e jantar, lá estavam eles a bater à porta a pedir pão. Lembro-me de um dia em que a minha mãe disse a um dos miúdos:

- Estás muito sujo. Vai tomar banho e volta que levas sopa para casa.

Voltou todo encharcado com o ranho a cair-lhe sobre os lábios  e a tiritar de frio.

 - O que te aconteceu?

- Fiz o que a senhora me mandou, fui tomar banho ao mar, mas a água estava muito fria só dei um mergulho. Posso levar a sopa?

 

palheirosfuradouro.jpg

 


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